Sou pipa, sou simples na vida.
Não tenho fio ou linha que me tragam ao chão,
e se numa lufada o tempo me sopra,
saio voando livre, leve e sem rota.
Se de repente o vento cessa
- em uma pausa traiçoeira -
caio sem cuidado, quase sempre machucada,
numa morte passageira.
Mas o vento retorna insistente,
inflando a seda, animando um esqueleto de bambu,
fazendo ganhar vida meu inerte corpo de pipa
cortando, inconstante, o profundo céu azul
Amir Sahid
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